quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A hegemonia holandesa (continuação) e a ascensão de Inglaterra

Amesterdão, centro da economia europeia e mundial no século XVII

Como a Holanda se revelava a principal potência europeia, uma das suas cidades tornou-se o centro da economia da Europa e do Mundo. Essa cidade foi Amesterdão, que se tornou na maior praça de mercadorias e entreposto comercial do continente europeu. A administração dos assuntos da cidade era feita quase inteiramente por burgueses, que tomaram medidas para garantir o monopólio dos principais produtos coloniais, facilitar o transporte de mercadorias e modernizar as práticas comerciais. O dinamismo do comércio na região favoreceu o surgimento das primeiras instituições financeiras (bancos) e das sociedades por acções, que iriam originar as bolsas de valores. Para a exploração do comércio colonial, a Holanda criou a Companhia das Índias Orientais e a Companhia das Índias Ocidentais.

Os interesses holandeses nos territórios ultramarinos prendiam-se essencialmente com aspectos comerciais. A sua política colonial baseava-se na exploração comercial das riquezas existentes e no transporte de mercadorias. Conseguiram obter o monopólio dos produtos que eram anteriormente comercializados por Portugal e outros países.

Proteccionismo e reforço das economias nacionais face ao dinamismo holandês

Perante esta soberania holandesa, os restantes países resolveram adoptar a politica holandesa, ou seja, o mercantilismo. Esta prática económica centra-se na ideia de obter uma balança comercial favorável. Os governos adoptaram medidas proteccionistas para aumentar as exportações e diminuir as importações, sobretudo de manufacturas e produtos de luxo. A teoria mercantilista defendia que a riqueza de um país se centrava na sua riqueza em termos de metais preciosos.

Inglaterra e França adoptaram rapidamente estas mesmas medidas, apostando num desenvolvimento das manufacturas e da agricultura e no fortalecimento do seu comércio externo, conseguindo eliminar assim a concorrência dos Holandeses. Particularmente em França, estava em vigor uma política de absolutismo, permitindo um reinado de opulência do “rei Sol” Luís XIV.

A hegemonia económica britânica

No século XVII, deu-se em Inglaterra um acentuado crescimento demográfico provocado pela quebra da taxa de mortalidade e o aumento da taxa de natalidade. Estas alterações deveram-se:

à À melhoria das condições higiénicas e sanitárias;

à Às melhorias na alimentação da população em geral, com recurso à carne, aos cereais e à batata, provocadas pelo desenvolvimento agrícola e industrial;

à A grandes progressos na área da medicina;

Perante estes dados, podemos concluir que o desenvolvimento económico e as evoluções demográficas estão intimamente ligados.

Com este aumento da população, verificou-se um crescimento das cidades e consequentemente, o surgimento de preocupações urbanísticas. Apesar de, em termos absolutos, não ter uma população tão numerosa como a de outros países europeus, Inglaterra tinha o maior rendimento per capita e uma riqueza mais bem distribuída.

Os Ingleses investiram também no comércio colonial, que era constituído essencialmente por trocas realizadas pela rota triangular (Europa, África, Américas, Europa). Ao desenvolver o seu comércio internacional e aumentar o seu mercado, Inglaterra criou condições para o arranque da Revolução Industrial.

Essa revolução não teria sido possível sem a Revolução Agrícola, que introduziu medidas como o sistema quadrienal de rotação de culturas, o aumento das áreas cultivadas, o emparcelamento de terras e vedação das mesmas – enclosures, selecção de sementes, aumento da criação de gado e a mecanização da agricultura.

A Revolução Agrícola permitiu uma libertação de mão-de-obra dos campos para as cidades, a acumulação de capitais disponíveis para investimentos, o fornecimento de matérias-primas e uma estimulação da indústria metalúrgica devido à crescente necessidade de ferro.

A Revolução Industrial consistiu:

à Em estimular a aquisição de matérias-primas nos territórios coloniais para embaratecer os produtos e desenvolver o comércio externo (mercantilismo);

à Na divisão social do trabalho, ou seja, na especialização dos trabalhadores numa tarefa em particular, o que deu origem à produção em massa;

à Em gerar uma acumulação de capitais, disponíveis para reinvestir;

à Na criação de bancos para organizar e regular os mercados;

à Na especialização económica das cidades.

O crescimento demográfico, juntamente com o incremento urbano, deu origem a um forte mercado interno. Deu-se: a criação de lojas e mercados abertos todos os dias, em vez do comércio sazonal, a abolição das alfândegas, e o aumento da importância das colónias.

A Inglaterra ocupou colónias espanholas e negocia com Portugal para obter produtos coloniais em troca das suas manufacturas. Portugal não desenvolveu a sua industria nem a sua agricultura, acabando por ter sofrido uma paralisação do seu comércio.

Com a melhoria das condições de vida da população, a mortalidade infantil diminuiu significativamente, e passou a haver uma maior valorização social da criança.